24.4.06

Encontros improváveis 1: divagações



Assistindo a um documentário sobre Paco Rabanne, outro dia, descobri uma faceta por mim desconhecida do estilista espanhol: a da intensa experimentação, até certo ponto ousada, que caracterizou sua produção inicial. Arquiteto por formação, Rabanne assumia seu diletantismo em moda, em meados dos 60's, sustentando que os interesses estéticos que o impulsionavam inicalmente acabaram desembocando nessa linguagem meio que fortuitamente.
Vendo algumas de suas peculiares criações desta época, com o uso de materiais como metal, vidro e plástico, entrevia-se um desejo em diluir ou ao menos tensionar as fronteiras entre alta-costura e, digamos, "o mundo das coisas".
E então me pus a divagar sobre o que poderia ter ocorrido numa eventual associação - de natureza absolutamente imprevisível, claro - entre Rabanne e Hélio Oiticica, sobretudo - e obviamente - envolvendo os Parangolés deste último. Para além das afinidades meramente "fisionômicas" que os vestidos de Rabanne e os experimentos "artístico-sócio-culturais" de Hélio podem guardar, há algo nas inquietações de ambos que sugere uma aproximação ou parceria potencialmente interessante. Mas não ouso ir muito além de lançar esse insight, ao menos por ora, até por não ter respaldo adequado para verificar pertinência da "associação". Afinal, o terreno da especulação, especialmente neste limbo de silício, é sedutor por permitir esse tipo de devaneio sem maiores compromissos...